Mindfulness e dor crônica

Mindfulness e dor crônica

Mindfulness e dor crônica

Eu recomendo fortemente que as pessoas assistam a um documentário que a BBC fez com o Jon Kabat-Zinn, quando ele já oferecia o MBSR havia cerca de 10 anos, e que fala sobre mindfulness e dor crônica. Ele se chama Healing from within

Também vale a pena ler o livro Viver a catástrofe total, do mesmo autor. Nesse livro ele conta toda a vivência dele com dor crônica e como tudo começou.

O Kabat-Zinn atendia pacientes com dor crônica em Massachusetts. Eram pessoas que já tinham passado por tratamentos medicamentosos, cirurgias e outros procedimentos que o hospital da escola médica da Universidade de Massachusetts oferecia e, ainda assim, sofriam com dor 24 horas por dia.

O documentário mostra a abordagem dele com essas pessoas. É sensacional! A primeira coisa que salta aos olhos no documentário é o amor com que ele trata as pessoas, empoderando o amor, e não prescrevendo algo. Talvez a grande percepção é que o mindfulness, da forma como a tradição traz e o Kabat-Zinn mostra, não dissocia corpo e mente, como algumas outras terapias fazem.

Há terapias que trabalham com a dissociação, e isso ajuda muitas pessoas, mas, no caso do mindfulness, ele aponta para a integração. Você entra completamente na experiência e enxerga como ela realmente é.

Antes do tratamento, o Kabat-Zinn realizava uma entrevista com cada um, porque, para ele, as pessoas tinham de se comprometer com a prática intensiva e praticar 45 minutos por dia em casa. Na entrevista, ele falava para as pessoas “olha, aqui não vamos lidar com seus problemas, dores e doenças, vamos lidar com todo o resto de você”.

Ou seja, trata-se de ajudar a conduzir a pessoa para a compreensão de que a dor e a doença estão se manifestando em um contexto. Podemos entender que somos um corpo vivo, que anda sobre a Terra, em uma experiência em que 10 trilhões de células humanas e 100 trilhões de células de micro-organismos estão em cooperação entre si e com ar, terra, sol, tudo.

A doença e a dor, que parecem enormes, na verdade, são uma parte. Quando a gente entra na experiência de enxergar a nossa existência como ela é, a gente para de adicionar camadas de avaliação, de julgamento, falta de autoconfiança, sentimento de impotência, e isso é transformador.

É um desafio grande, mas quem tem dor crônica já tentou tanta coisa e acaba ficando incapacitado para fazer muitas coisas no dia a dia; por isso, vale a pena perseverar no desafio e ter confiança.

Outra coisa que o Jon Kabat-Zinn pedia nos cursos era para as pessoas praticarem todos os dias por 45 minutos, mesmo se não gostassem, porque a pessoa deve se dedicar diariamente para que o resultado aconteça e o beneficio venha.

No documentário, há uma parte muito bonita que mostra um cara que quebrou a coluna em três lugares, em três situações diferentes. Ele não conseguia mais carregar o filho no colo, não conseguia trabalhar… O nível de sofrimento dele era enorme, dava para ver até pela expressão facial.

E é tão bonito ver o que acontece no documentário, porque a expressão facial dele começa a mudar e ele vai encontrando tranquilidade. E ele fala, no documentário, que essa questão de sentir dor o dia inteiro era uma experiência mental: na verdade, havia alguns momentos do dia sem dor, e descobrir isso foi libertador. A dor não acaba, mas você passa a lidar com a realidade objetiva, com a experiência direta das coisas.

Leia também o livro Viver bem com a dor e a doença, da Vidyamala Burch, que também traz essa abordagem de dor crônica e mindfulness.

Assista o vídeo sobre Minfulness e dor crônica