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A dificuldade em manter a prática de Mindfulness no dia a dia

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A dificuldade em manter a prática de Mindfulness no dia a dia

(Pergunta da Cilene) O quanto a prática diária mantém os efeitos e amplia os impactos do Mindfulness? Tenho dificuldade em manter a prática de mindfulness no dia a dia, às vezes consigo me manter uma praticante regular, depois abandono, e depois volto.

Sim, eu imagino que você sinta os efeitos dessa quebra de ritmo. É como a prática de uma atividade física, como ir à academia. Enquanto está praticando você percebe os resultados, a reação do corpo. Mas, ao interromper o ritmo, o seu corpo também perceberá rapidamente a mudança, como, por exemplo um ganho de peso.

Quando você aprende algo sobre mindfulness, faz um curso, começa a praticar e colher os benefícios, você nunca vai perder esse novo olhar para vida, esse novo jeito de ser e as capacidades que você desenvolve. Mas, se você parar de praticar, pode esquecer um pouco do que aprendeu.

Muitos dos nossos atos, nossos condicionamentos, aquilo que é feito no piloto automático, são muito profundos. São questões que a gente adquire, às vezes, desde o útero e que foram reforçadas durante a vida. É preciso bastante treino para que alguns desses padrões realmente se revertam e mudem, para podemos encontrar um espaço de criatividade constante para lidar com a vida, em vez de ficar repetindo os condicionamentos.

Da prática de mindfulness para um novo estado de ser

O interessante é que, quanto mais você praticar (prática formal de mindfulness), mais sentirá vontade de continuar. E chega uma hora, nessa caminhada, em que você começa a efetivamente trazer a prática de mindfulness para o dia a dia, para os momentos que não são de prática formal. Você está cultivando o estado de ser e começa a sentir os efeitos dessa mudança. Percebemos isso durantes os cursos de mindfulness, através dos relatos dos alunos.

Chega um momento em que você percebe, no fazer, que você está fazendo e atuando no mundo a partir desse estado de consciência. Você percebe que está agindo a partir da consciência da irritação, e não a partir da irritação. Da mesma forma, você percebe que passa a agir a partir da consciência do medo, e não a partir do próprio medo. A atenção plena vai se impregnando em você.

O grande mestre Tarchin Hearn, autor dos livros Respirando, Satipatthana e Caminhando em Sabedoria, quando esteve no Brasil, em julho de 2017, foi perguntado sobre a prática dele. Ele falou: “Eu vou te dar uma resposta que vai te decepcionar. Eu não pratico mais desse jeito, eu não me sento e faço uma prática, eu pratico o tempo todo.”. Só que, para ele chegar até esse ponto, foram horas e horas, anos e anos praticando como nós praticamos, sentados, deitados, fazendo uma prática formal.

Nosso professor – meu, da Rita e de vários outros instrutores de mindfulness – tem mais de 45 anos de prática de mindfulness e ensino, e ele continua praticando. Então, quanto mais você pratica e mais aprofunda essa sua capacidade de tranquilidade e centramento como base, mais a capacidade de compreensão da condição humana vai aumentando. Se não der para fazer por um tempo maior, faça por um tempo curto, mas pratique.

Em minha experiência pessoal, mesmo em um dia muito cheio de compromissos, viagens, trabalho, em que eu não consiga parar para praticar durante o dia, há o momento em que estou colocando a minha filha Pema, de 6 anos, para dormir, e ela fica bem quietinha antes de adormecer. Nesse momento, estando deitado, eu faço um escaneamento corporal, mesmo que sejam apenas 10 minutos.

ASSISTA O VÍDEO: A dificuldade em manter a prática de Mindfulness no dia a dia